Audiência Pública debate desafios enfrentados pelos surdos em Alagoas

por Comunicação/ALE publicado 12/06/2015 13h00, última modificação 15/06/2015 11h00

Atendendo ao requerimento apresentado pela deputada Jó Pereira (DEM) e pelo deputado Rodrigo Cunha (PSDB), a Assembleia Legislativa realizou nesta sexta-feira, 12, uma audiência pública tendo como tema: “Mãos que Falam”, onde foram discutidas políticas públicas de inclusão social e acessibilidade aos surdos. A audiência foi motivada, segundo os autores da proposta, após terem sidos procurados por alunos, pais e representantes da Associação de Surdos de Alagoas e do Sindicato de Intérpretesque relataram as dificuldades e desafios diários enfrentados pelas pessoas que possuem deficiência auditiva.

Rodrigo Cunha disse que a ideia da audiência foi discutir alternativas para superar as dificuldades dos surdos no seu dia-a-dia. “Entre as dificuldades, acredito que a educação seja a principal delas, tanto nas instituições públicas quanto privadas. É preciso, urgentemente, que as escolas tenham intérpretes para atender a comunidade, principalmente nos serviços básicos como saúde, educação e lazer, por exemplo. O surdo não pode ser excluído, mas incluído em todos os campos da sociedade”, disse.

Para a deputada Jó Pereira a sessão mostrou à sociedade os desafios enfrentados pelas pessoas que possuem deficiência auditiva. “São dificuldades não só no processo de educação, mas na sua rotina, quando usam o serviço público, quando vão ao médico, quando tentam pagar uma conta, por isso precisamos fazer com que essas pessoas se sintam inseridas na nossa sociedade, principalmente pela comunicação”, disse a deputada.

O presidente da Associação dos Surdos de Alagoas, Mário Lima, agradeceu ao Poder Legislativo pela audiência e falou das dificuldades encontradas pela associação na luta por melhores políticas públicas. “A Associação tem uma luta histórica em defesa da comunidade e pelos profissionais surdos. Em todos os lugares que o surdo vai, normalmente não tem a comunicação ideal para eles, devido a falta de intérpretes”, afirmou Mário, lembrando que Alagoas tem cerca de 120 mil surdos.

A otorrinolaringologista Ana Paula Montenegro explicou os benefícios e como funciona o sistema de implante Coclear, que hoje já é oferecido pelo SUS em vários estados do País, como São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. “São implantes de alta tecnologia, onde se coloca um chip no ouvido, permitindo que a pessoa com surdez possa escutar. O implante estimula o nervo auditivo, fazendo com que esses impulsos sejam levados ao cérebro, que interpreta como som. Isso é muito importante pois, segundo o IBGE, em 2010 existiam mais de nove milhões de pessoas portadores de deficiência auditiva”, disse.

Ronaldo Tenório, idealizador do aplicativo para dispositivos móveis Hand Talk, explicou que a ferramenta faz a tradução do português para a língua de sinais, com objetivo de levar inclusão social a deficientes auditivos. “Trata-se de um tradutor de bolso, gratuito, que realiza traduções automáticas do português para Libras, através de um intérprete virtual chamado Hugo. São traduções automáticas de texto, áudio e até de fotografias”, afirmou Ronaldo.

A audiência contou com as presenças dos deputados Francisco Tenório (PMN) e Galba Novaes (PRB). Também estavam presentes no plenário da Casa a presidente do Sindicato dos Tradutores Intérpretes de Língua de Sinais de Alagoas, Poliana Lino; a representante do Detran/AL, Nadja Brandão; da Pestalozzi Maceió, Tereza Amaral e da Secretaria Estadual de Educação, Alexandre Pedrosa.