Violência contra a pessoa idosa é tema de audiência pública

por Comunicação/ALE publicado 26/10/2017 19h30, última modificação 27/10/2017 14h03

O enfrentamento da violência contra a pessoa idosa foi debatido durante audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa, em conjunto com a Câmara Municipal de Maceió, na manhã desta sexta-feira, 27. Com o tema: “Faces da violência contra a pessoa idosa e seu enfrentamento pelo Poder Público, pela sociedade civil organizada e pela família”, a proposta foi de iniciativa da deputada Jó Pereira (PMDB) e da vereadora Fátima Santiago (PP). A criação de delegacias especializadas em atendimento a idosos foi defendida por todos os participantes do evento. Mais médicos especializados nos cuidados aos idosos, a exemplo de gerontólogos e geriatras, também foram cobrados durante a audiência.

Durante os debates, foi observado que a realidade dos idosos é bem mais grave do que se tem conhecimento. A violência por eles sofrida ocorre, na maioria dos casos, no núcleo familiar. “Por ser uma violência múltipla, pode ser física, psicológica, financeira ou negligência. Os dados assustam em razão da origem dessa violência. Os filhos são os principais algozes”, disse a deputada Jó Pereira, defendendo que os investimentos na educação são o caminho mais eficaz no enfrentamento desse grave problema social. “O número de notificações aumentou a partir do funcionamento do Disque 100, em 20/11/2012. Em razão dessas notificações, podemos enxergar o mapa da violência multifacetária”, declarou a parlamentar, defendendo a criação de políticas públicas no combate a violência.

Também propositora da sessão, a vereadora Fátima Santiago observou que a existência dos diversos programas sociais, a exemplo do Bolsa Família, bem como a melhoria no atendimento médico, associado ao controle de natalidade, tem propiciado uma maior longevidade à sociedade mundial. “O que mais preocupa com esse crescimento é o aumento no número de demandas, como a criação de instituições de longa permanência. Vamos precisar de mais atendimento médico e ainda não estamos com políticas públicas voltadas para essa população”, destacou a vereadora, defendendo a criação de mecanismos que venham acolher os idosos nos seus diversos aspectos. “Fiquei muito feliz ao saber que o Estado criou quatro delegacias de referência à violência contra o idoso, localizadas no 4º, 5º, 6º e 8º distritos policiais, que irão receber as demandas”, contou Fátima, acrescentando que a sociedade necessita de outros órgãos de atenção imediata, a exemplo de uma delegacia especializada.

De acordo com a presidente do Conselho Estadual do Idoso, Maria Lúcia Santos Moreira, Alagoas possui uma população de aproximadamente 300 mil idosos. No entanto, as políticas públicas voltadas para a chamada 'terceira idade', regulamentadas em 1994, não são postas em prática. Segundo ela, várias ações que deveriam ser desenvolvidas pelo Poder Público não saíram do papel. “A Secretaria de Assistência Social deveria ter centros, instituições de longa permanência, repúblicas e Centro Dia, para que os idosos pudesses entrar pela manhã e só sair no final da tarde, quando a família fosse buscar, mas não existem”, cobrou a conselheira, informando que Alagoas possui apenas cerca de 20 abrigos, mas nenhum público. Todos de iniciativa da igreja ou da própria sociedade. “Devemos entender que política pública quem faz é o Estado. A sociedade pode até contribuir, mas não é sua obrigação. A educação já deveria constar na sua grade curricular, com noções de envelhecimento, para que a criança pudesse entender e respeitar o envelhecimento”, observou Maria Lúcia.

A audiência pública teve como palestrantes a vice-presidente da entidade, Elisabeth Toledo de Lima; a presidente do Conselho Municipal do Idoso, Maria Evânia Titara de Araújo; a secretária da Associação Nacional de Gerontologia de Alagoas, Sônia Maria Alves da Silva; o representante da Pastoral da Pessoa Idosa, José Fernandes Sobrinho; e o jornalista e gerontólogo, Francisco Silvestre dos Anjos.