Plenário é palco de debate sobre a situação dos povos indígenas e lançamento de livro

por Comunicação/ALE publicado 11/09/2015 13h05, última modificação 14/09/2015 15h27

A Assembleia Legislativa recebeu nesta sexta-feira, 11, representantes das comunidades indígenas alagoanas em uma audiência pública proposta pelo vice-presidente da Casa, deputado Ronaldo Medeiros (PT). O debate, que teve como tema a “situação dos povos indígenas de Alagoas”, foi mais uma contribuição do Poder Legislativo para chamar a atenção da sociedade e autoridades para antigas reivindicações dessa parcela da população no que diz respeito a demarcação de terras, a educação e a saúde dos índios, que continua sendo um dos grandes desafios da atualidade. Na oportunidade também foi lançado o livro “Povos Indígenas”, de autoria do professor Jorge Vieira.

“Essa audiência é muito importante porque é um tema histórico e atual, porque presenciamos toda uma problemática em torno da posse da terra e da história dos índios em Alagoas e no Brasil”, declarou Ronaldo Medeiros, observando que por diversas vezes a sociedade encara os índios como invasores. “Quando na verdade é o contrário, pois quando aqui chegamos, os índios já se encontravam habitando essas terras”, disse o parlamentar.

Ronaldo Medeiros lembrou que o Parlamento vem, constantemente, realizando debates sobre o tema indígena. “São em fóruns como esses que essas questões são discutidas e passam aos dirigentes maiores do Brasil, as carências e as necessidades e, consequentemente, novas políticas públicas serão debatidas e ampliadas”, completou o petista.

De acordo com índio da tribo Xukuru Kariri de Palmeira dos Índios, Gecinaldo, que integra a Comissão Permanente de Articulação e Mobilização pela Regulamentação do Terrirtório Tradicional Xukuru Kariri, debates como esses são de fundamental importância. “Essa sessão traz a realidade dos povos indígenas diante da atual conjuntura e o fundamental, de fato, é o processo de regularização da demarcação territorial", cobrou o indígena.

De acordo com o professor Jorge Vieira, atualmente o Estado de Alagoas conta com 12 povos indígenas. Nesse contexto, ele considera como “gravíssimas” duas questões em especial: “A primeira é a demarcação de terras que, infelizmente, dos 12 povos praticamente nenhum tem ainda o processo de demarcação concluído”, observou. “Segundo a questão da educação, que considero extremamente grave porque além da discussão do conteúdo pedagógico, que deve ser específica e diferenciada, temos comunidades que ainda não têm escolas indígenas. Isso é gravíssimo porque as crianças deveriam estar aprendendo de acordo com seus costumes”, destacou Jorge Vieira, ressaltando que, ao invés disso, estão indo para escolas municipais onde enfrentam problemas de discriminação.

“Povos Indígenas”
No livro “Povos Indígenas”, o professor Jorge Vieira conta que, em 1872, o então presidente da Província de Alagoas, Luiz Rômulo Peres Moreno, em seu relatório extinguiu todas as populações indígenas que existissem naquela época, que eram em torno de 20. “Um século depois essas populações reaparecem reivindicando suas identidades, seus direitos, assistência a saúde, educação como indígenas”, contou. “Meu livro registra esse momento histórico de ressurgimento das populações indígenas em Alagoas. E estou fazendo o lançamento desse livro aqui na Assembleia exatamente por esse motivo”, informou, agradecendo ao Parlamento, por estar permanentemente abrindo suas portas para os debates sobre as questões indígenas.

Homenagens
Durante a audiência pública o cacique do povo Geripankó, Genésio Miranda; o pajé do povo Xukuru-Kariri, Antonio Celestino e o jornal "O Semeador" foram agraciados com a Medalha de Honra ao Mérito. Também foi apresentado um documentário sobre a atual situação do povo Katokinn, de Pariconha,no Sertão alagoano.

Participaram da audiência pública, o deputado Bruno Toledo (PSDB), o coordenador de Comunicação do Cesmac, Jorge Moraes, o presidente do Serveal, Judson Cabral, o vice-prefeito da Barra de Santo Antonio, Carlos Alex, e o vice-reitor do Cesmac, o historiador Douglas Apratto.