Envelhecimento e Covid-19: o impacto das comorbidades nos idosos e a relação como o novo coronavírus

por Comunicação/ALE publicado 28/09/2021 19h00, última modificação 28/09/2021 19h00

Você conhece a relação entre o envelhecimento e a covid-19? Algumas pessoas têm maior risco de desenvolvimento da forma grave da doença, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRGA) — são os chamados grupos de risco da covid-19. Os idosos, por exemplo, fazem parte dele.

O número de comorbidades, como diabetes mellitus e problemas cardíacos, tende a aumentar com a idade e, com isso, também cresce a vulnerabilidade às mais diversas condições. Você sabe como a covid-19 se manifesta nessas pessoas e por que elas estão mais vulneráveis à forma grave da doença? Entenda aqui as particularidades desse grupo!

O que são comorbidades?

A palavra comorbidade é formada por dois termos que, unidos, explicam o seu significado: “co” (junto, união) e morbidade (conjunto de causas capazes de produzir uma doença). Ou seja, as comorbidades são o conjunto de doenças que uma pessoa apresenta em determinado momento.

O problema é que os portadores de comorbidades podem não saber que possuem a doença, visto que podem viver muitos anos sem apresentar sintomas (paciente assintomático). Qualquer pessoa, de qualquer idade, pode ter diversas comorbidades, mas pelo tempo de vida acabam sendo mais comuns nos idosos!

Quais são as comorbidades mais comuns nos idosos?

Agora que já sabemos o que significa a presença de comorbidades, devemos conhecer quais são as mais comuns na população idosa. Entre os indivíduos com idade acima de 60 anos, é comum a presença de doenças pulmonares crônicas, doenças renais crônicas, diabetes mellitus (principalmente se não estiver bem controlada), doenças hepáticas crônicas e obesidade.

Todas essas condições que citamos são comorbidades que podem elevar o risco de complicações da covid-19. Mas devemos ter em mente que não são apenas essas doenças que podem estar presentes nos idosos!

Por exemplo, a população idosa pode ter também um quadro de imunossupressão, ou seja, um sistema imunológico mais frágil. Isso ocorre naturalmente devido ao processo de envelhecimento, além de poder ser causado por medicamentos (quimioterápicos, por exemplo) ou por diversas outras doenças.

Por que o envelhecimento traz essas comorbidades?

Antes de pensarmos no porquê de a população idosa ter mais comorbidades, precisamos deixar claro que o envelhecimento não pode ser visto como uma doença, mas como um processo natural da vida. Partindo desse ponto, é válido questionarmos o que então faz com que os idosos apresentem um maior número de comorbidades.

Uma das explicações está no fato de a expectativa de vida está aumentando em muitos países, inclusive no Brasil. Em 2020, estima-se que a média de sobrevida no Brasil chegue aos 73 anos, trazendo consigo as fragilidades inerentes desse envelhecimento.

Entre as fragilidades relacionadas ao processo de envelhecimento, pode-se citar a menor atividade do sistema imunológico, tornando a população idosa naturalmente mais suscetível às infecções e suas consequências mais graves. Além disso, os idosos podem sofrer com o resultado de anos de uma alimentação não saudável. Por exemplo, uma alimentação rica em em gorduras e carboidratos ao longo de décadas de vida resulta em doenças cardiovasculares.

Além disso, ainda que em queda nas últimas décadas, outro fator importante é o tabagismo, cuja exposição pode aumentar muito o risco de desenvolver uma doença pulmonar crônica.

Quais os impactos das comorbidades na saúde?

As comorbidades podem ser numerosas e diferentes umas das outras como vimos até agora. Essas doenças associadas afetam a saúde geral de um indivíduo seja por ação direta da doença (por exemplo, diabetes levando à problemas de visão) ou acentuando outras doenças (por exemplo, níveis altos de colesterol como fator de risco importante à ocorrência de infarto agudo do miocárdio).

Além disso, as diversas comorbidades podem afetar a qualidade de vida, levando muitas vezes a quadros de comprometimento não só do corpo, mas também envolvendo a saúde mental. Esses pacientes portadores de doenças crônicas estão mais suscetíveis a evoluírem com quadros depressivos, podendo esta piorar ainda mais a percepção de suas doenças.

Qual a relação entre as comorbidades e a Covid-19?

As comorbidades crônicas como, por exemplo, a diabetes mellitus e a obesidade, mantêm o paciente em um estado inflamatório crônico, ou seja, tornando-o suscetível a outros quadros inflamatórios/infecciosos com resposta exagerada, como o que ocorre na covid-19.

Devido à associação entre comorbidades e infecção pelo novo coronavírus, até 20 abril de 2020, 72% dos óbitos por covid-19 foram de pessoas com mais de 60 anos, e 70% delas apresentava pelo menos um fator de risco, sendo os principais: diabetes, obesidade e hipertensão.

Dicas para idosos lidarem com as comorbidades durante a pandemia

Algumas instruções gerais podem ser dadas aos pacientes, a fim de manter um controle adequado de suas doenças e evitar mais riscos para infecção grave por covid-19.

O apoio dos familiares pela manutenção do tratamento adequado dos idosos é essencial para evitar a descontinuidade terapêutica e esse apoio também tem o potencial de evitar a deterioração da saúde mental do idoso.

Devemos lembrar da necessidade que alguns pacientes possuem de manter um acompanhamento ambulatorial continuado. No Brasil, a Estratégia Saúde da Família (ESF) permite um acesso constante dessa população para prevenção e controle das doenças. Contudo, deve-se dar a atenção redobrada aos sintomas referidos pelos idosos, a fim de evitar a ida excessiva aos serviços de saúde para se reduzir o risco de contaminação.

Como os idosos devem se proteger da Covid-19?

Assim como toda população, os idosos precisam se proteger contra o coronavírus utilizando medidas preventivas respaldadas pelas autoridades de saúde, tais como: higienização de mãos com água e sabão ou álcool 70%, manter o distanciamento social até que um tratamento definitivo e eficiente exista, utilizar máscaras em locais públicos e respeitar o distanciamento mínimo de 1,5 a 2 metros entre as pessoas!

Por fim, é essencial que os familiares fiquem atentos aos idosos nesse período de maior solidão por distanciamento. A prevalência de sintomas psiquiátricos tem se mostrado alta nessa faixa etária. Além disso, os familiares devem auxiliar no transporte para campanhas de vacinação e em consultas médicas eletivas para avaliação das comorbidades. A covid-19 não pode promover negligência aos idosos, devemos cuidar de quem sempre cuidou de nós!

Por: Pedro Otávio Oliveira Santos, Vitor Yukio Ninomiya, Ricardo Tadeu de Carvalho, em https://coronavirus.saude.mg.gov.br/blog/166-envelhecimento-e-covid-19